No início do Sábado Santo
toda Igreja espera silenciosa pelo Senhor que assumiu a morte para nos
Salvar. O Senhor que desceu aos infernos
e nos ensina a viver na dinâmica de nosso batismo: morrer com Cristo para com
Ele viver a plena liberdade dos filhos de Deus. A Igreja espera ansiosa pela
Ressurreição do Senhor que há de vir. Esta é nossa fé que, confiantemente,
celebramos. Cremos firmemente que o Senhor virá! Que Ele não morreu para
sempre, mas está vivo!
Este primeiro momento do
Sábado nos ensina que precisamos estar tementes, perseverantes e confiantes na
Palavra de Jesus que nos ensina que a morte corporal não é o fim da vida. A
morte é um momento para nos encontrarmos com o Senhor. Este é o convite que
Jesus nos faz: mergulharmos na morte com Ele. Neste mistério, nos recordamos de
São Francisco de Assis que contemplava a morte como irmã. Para ele a morte nos
conduz ao Altíssimo e Sumo Rei tão esperado e desejado. É a experiência profunda da espera carregada
de uma expectativa de quem crê. O sábado santo em seu raiar nos convida a
mergulhar no mistério profundo da esperança no Senhor que vai chegar. O Senhor
que vai chegar trazendo Luz. No entanto, não uma luz qualquer, mais uma Luz que
jamais se apagará. “As águas da torrente jamais poderão apagar o amor, nem os
rios afogá-lo”.[1]
O nosso coração arde em
desejo pela espera do Senhor que virá. O Senhor que virá para nos dar vida em
plenitude no qual nada, nem mesmo ninguém, poderá tirar de nós esta centelha de
amor. Nosso coração arde em desejo pela espera do Senhor que virá para nos dar
vida em plenitude. Por isso, somos chamados e convidados a fazer uma profunda
experiência de perseverança.
Nesta noite do Sábado
santo, Deus espera que estejamos vigilantes! Espera que sejamos prudentes como
a virgens do Evangelho que esperam, ansiosamente atentas, pelo noivo que vai
chegar. Esta espera reporta muito bem a atitude de quem ama. Quem ama espera,
sonha, confia, vigia, ora e compromete-se com as coisas de seu amor. No
entanto, como estamos vivendo esta experiência do amor? Estamos amando como
Jesus? Amamos nossos inimigos? Somos capazes de dar a vida pelo nosso próximo? A
experiência do silêncio é permeada por gotas de amor. Gotas que caem da Cruz.
Gotas que caem do coração cheio da alegria de quem crê e está mergulhado no
profundo amor de Deus. Amor que não escraviza, mas liberta e nos compromete com
próximo. Nosso Senhor Jesus Cristo. Neste
contexto, nós cristãos somos chamados a adentrarmos no mistério do amor de Deus
que veio se revelando durante a vida de Jesus e em Jesus através de sua paixão,
morte e Ressurreição.
Iniciar a vigília Pascal
no Sábado Santo com velas na mão é sinal de quem espera pelo Senhor. É sinal de
quem faz a experiência das maravilhas que o Senhor realiza em sua vida. Nossa
querida Mãe Maria nos ensina que sua vida só teve sentido porque o Senhor fez
nela grandes maravilhavas. Nosso louvor a Deus é reconhecer que todo bem que
podemos fazer vem do Senhor que fez o céu e a terra por amor de cada um de nós.
Nesta perspectiva, a celebração da vigília percorre várias leituras que tendem
mostrar a ação de Deus na história da humanidade. E dentro desta história está
também a nossa história. Nós vibramos, choramos e nos alegramos com cada ação
de Deus na história do povo de Israel que é também a nossa história. Esta noite
é “a noite da ressurreição do Cristo no qual mergulhamos na morte do Senhor. É
a noite da saída dos hebreus da escravidão do Egito, é a noite da travessia do
mar Vermelho, é noite da liberdade plena adquirida.”[2]
É a noite no qual fomos resgatados pelo Senhor em seu amor. É a noite em que
fomos lavados de nossos pecados e conduzidos a Deus. É a noite mais clara que o
dia.
O sábado Santo faz memória
a cada um de nós do mistério profundo de dois sacramentos importantes: Batismo
e Eucaristia. No percorrer de nossa Vigília Pascal, a Igreja, na pessoa de
Cristo, anuncia a todos os homens e mulheres a comprometerem-se com a Palavra
de Deus e alimentarem-se do Pão Eucarístico. Aproximar-se da mesa Eucarística
para comungar o Corpo e Sangue de Jesus Cristo é ser para cada irmão e cada
irmã, alimento, pão, acolhida, fraternidade, respeito, amor e sinal de vida.
O Sábado Santo nos
recorda que para ressuscitar é preciso passar pela dor da Cruz. A cruz nos
ensina que para amar é preciso morrer para si mesmo, para suas vontades
pessoais, para seus interesses, para seu egoísmo, para seu orgulho e tudo que
impede de estar diante da Mesa da Vida, isto é, da Eucaristia. No entanto,
morrer para Viver. Para ressuscitar é preciso morrer. Para que Deus seja tudo
em Todos é preciso morrer. Para que o amor reine em nossa sociedade, em nossas
casas, em nossas famílias, em nossas escolas, em nossos trabalhos, em nossa vida
é preciso morrer para tudo quanto que divide e destrói. É preciso abraçar nossa
cruz e seguirmos adiante confiante naquele que pode nos dar Vida em plenitude!
Esta Vida dada por Jesus ninguém pode Tirar! Neste mesmo espírito, durante a
vida Jesus ele nos recorda e ensina que não devemos temer aqueles que podem
matar o corpo, mas Aquele que pode matar a Vida em plenitude que é nossa
Felicidade e nossa realização eterna.
Cheios e repletos deste
amor de Deus que nos envolve, somos chamados a participar da ceia do Senhor,
que é Seu próprio Corpo e Sangue. Comungar é recordar que junto de Cristo
devemos lutar por um mundo mais justo, fraterno, humano e solidário. Comungar é
colocar-se a caminho. Nós cristãos somos homens e mulheres do Caminho que é
Cristo! Somos seguidores e, como tal devemos nos empenhar para testemunhar aqui
nesta Terra o amor que se fez humano! Amor que assumiu em tudo nossa condição
humana! E por isso nos convida a irmos atrás Dele! Sigamos Nosso Senhor com a
mesma fé e esperança de Nossa Mãe Maria de Nazaré!
Nenhum comentário:
Postar um comentário