sábado, 30 de março de 2013

SÁBADO SANTO - "O GRANDE SILÊNCIO"


No início do Sábado Santo toda Igreja espera silenciosa pelo Senhor que assumiu a morte para nos Salvar.  O Senhor que desceu aos infernos e nos ensina a viver na dinâmica de nosso batismo: morrer com Cristo para com Ele viver a plena liberdade dos filhos de Deus. A Igreja espera ansiosa pela Ressurreição do Senhor que há de vir. Esta é nossa fé que, confiantemente, celebramos. Cremos firmemente que o Senhor virá! Que Ele não morreu para sempre, mas está vivo!
Este primeiro momento do Sábado nos ensina que precisamos estar tementes, perseverantes e confiantes na Palavra de Jesus que nos ensina que a morte corporal não é o fim da vida. A morte é um momento para nos encontrarmos com o Senhor. Este é o convite que Jesus nos faz: mergulharmos na morte com Ele. Neste mistério, nos recordamos de São Francisco de Assis que contemplava a morte como irmã. Para ele a morte nos conduz ao Altíssimo e Sumo Rei tão esperado e desejado.  É a experiência profunda da espera carregada de uma expectativa de quem crê. O sábado santo em seu raiar nos convida a mergulhar no mistério profundo da esperança no Senhor que vai chegar. O Senhor que vai chegar trazendo Luz. No entanto, não uma luz qualquer, mais uma Luz que jamais se apagará. “As águas da torrente jamais poderão apagar o amor, nem os rios afogá-lo”.[1]


O nosso coração arde em desejo pela espera do Senhor que virá. O Senhor que virá para nos dar vida em plenitude no qual nada, nem mesmo ninguém, poderá tirar de nós esta centelha de amor. Nosso coração arde em desejo pela espera do Senhor que virá para nos dar vida em plenitude. Por isso, somos chamados e convidados a fazer uma profunda experiência de perseverança.



Nesta noite do Sábado santo, Deus espera que estejamos vigilantes! Espera que sejamos prudentes como a virgens do Evangelho que esperam, ansiosamente atentas, pelo noivo que vai chegar. Esta espera reporta muito bem a atitude de quem ama. Quem ama espera, sonha, confia, vigia, ora e compromete-se com as coisas de seu amor. No entanto, como estamos vivendo esta experiência do amor? Estamos amando como Jesus? Amamos nossos inimigos? Somos capazes de dar a vida pelo nosso próximo? A experiência do silêncio é permeada por gotas de amor. Gotas que caem da Cruz. Gotas que caem do coração cheio da alegria de quem crê e está mergulhado no profundo amor de Deus. Amor que não escraviza, mas liberta e nos compromete com próximo.  Nosso Senhor Jesus Cristo. Neste contexto, nós cristãos somos chamados a adentrarmos no mistério do amor de Deus que veio se revelando durante a vida de Jesus e em Jesus através de sua paixão, morte e Ressurreição.


Iniciar a vigília Pascal no Sábado Santo com velas na mão é sinal de quem espera pelo Senhor. É sinal de quem faz a experiência das maravilhas que o Senhor realiza em sua vida. Nossa querida Mãe Maria nos ensina que sua vida só teve sentido porque o Senhor fez nela grandes maravilhavas. Nosso louvor a Deus é reconhecer que todo bem que podemos fazer vem do Senhor que fez o céu e a terra por amor de cada um de nós. Nesta perspectiva, a celebração da vigília percorre várias leituras que tendem mostrar a ação de Deus na história da humanidade. E dentro desta história está também a nossa história. Nós vibramos, choramos e nos alegramos com cada ação de Deus na história do povo de Israel que é também a nossa história. Esta noite é “a noite da ressurreição do Cristo no qual mergulhamos na morte do Senhor. É a noite da saída dos hebreus da escravidão do Egito, é a noite da travessia do mar Vermelho, é noite da liberdade plena adquirida.”[2] É a noite no qual fomos resgatados pelo Senhor em seu amor. É a noite em que fomos lavados de nossos pecados e conduzidos a Deus. É a noite mais clara que o dia.


O sábado Santo faz memória a cada um de nós do mistério profundo de dois sacramentos importantes: Batismo e Eucaristia. No percorrer de nossa Vigília Pascal, a Igreja, na pessoa de Cristo, anuncia a todos os homens e mulheres a comprometerem-se com a Palavra de Deus e alimentarem-se do Pão Eucarístico. Aproximar-se da mesa Eucarística para comungar o Corpo e Sangue de Jesus Cristo é ser para cada irmão e cada irmã, alimento, pão, acolhida, fraternidade, respeito, amor e sinal de vida. 


O Sábado Santo nos recorda que para ressuscitar é preciso passar pela dor da Cruz. A cruz nos ensina que para amar é preciso morrer para si mesmo, para suas vontades pessoais, para seus interesses, para seu egoísmo, para seu orgulho e tudo que impede de estar diante da Mesa da Vida, isto é, da Eucaristia. No entanto, morrer para Viver. Para ressuscitar é preciso morrer. Para que Deus seja tudo em Todos é preciso morrer. Para que o amor reine em nossa sociedade, em nossas casas, em nossas famílias, em nossas escolas, em nossos trabalhos, em nossa vida é preciso morrer para tudo quanto que divide e destrói. É preciso abraçar nossa cruz e seguirmos adiante confiante naquele que pode nos dar Vida em plenitude! Esta Vida dada por Jesus ninguém pode Tirar! Neste mesmo espírito, durante a vida Jesus ele nos recorda e ensina que não devemos temer aqueles que podem matar o corpo, mas Aquele que pode matar a Vida em plenitude que é nossa Felicidade e nossa realização eterna.


Cheios e repletos deste amor de Deus que nos envolve, somos chamados a participar da ceia do Senhor, que é Seu próprio Corpo e Sangue. Comungar é recordar que junto de Cristo devemos lutar por um mundo mais justo, fraterno, humano e solidário. Comungar é colocar-se a caminho. Nós cristãos somos homens e mulheres do Caminho que é Cristo! Somos seguidores e, como tal devemos nos empenhar para testemunhar aqui nesta Terra o amor que se fez humano! Amor que assumiu em tudo nossa condição humana! E por isso nos convida a irmos atrás Dele! Sigamos Nosso Senhor com a mesma fé e esperança de Nossa Mãe Maria de Nazaré!





[1] Ct. 8,7a
[2] Vida Pastoral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário