quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A Vocação Religiosa Franciscana

Vocação é chamamento para acolhermos com gratidão Jesus Cristo e engajar-se de corpo e alma no seguimento incondicional e absoluto Dele, com decisão clara e nítida: Amém, isto é, assim seja! Esse Amém é um puro sim de decisão total de seguimento. Isto é, a chamada para o seguimento é, portanto ligação, amarração à pessoa de Jesus Cristo, a Ele somente.

Essa escolha do próprio Jesus que nos convoca a que O sigamos, seu convite, sua chamada, sua exigência, enfim toda essa presença e exigência amorosa do vir de encontro a nós é a vocação no sentido da Vida Religiosa Consagrada. Ela é que dá o sentido primeiro e último, isto é, o sentido absoluto do nosso ser e viver, ela é o único projeto da nossa vida, é o benefício entre todos os benefícios, o fundo, o fundamento a partir e dentro da qual devem ser considerados e coordenados todos os outros dons, todas as nossas tendências, inclinações, aptidões e realizações.
O ponto importante desse benefício dos benefícios é que esse Dom não é um presente que Deus nos dá em Jesus Cristo, mas sim Ele mesmo, em Jesus Cristo, se doando a nós, vindo a nós num convite e chamado para que a Ele nós também nos doemos do mesmo modo, portanto, é um encontro de doações mútuas de todo o ser de cada um. É um chamamento intima e absolutamente pessoal. Possui, portanto, todas as características de profunda intimidade, ternura e seriedade mortal de um encontro de pessoa a pessoa, ponto de podermos chamá-lo de encontro de Tu e eu.
Esse chamamento é uma convocação para a pessoa e a causa de Jesus Cristo que é todo o plano de salvação do Pai de toda a misericórdia que recebe o nome de Reino de Deus. É, portanto, a vocação para o Corpo Místico de Cristo.
Essa maneira concreta e encarnada de engajarmos na vocação do seguimento nos faz assumir a Comunidade e a Comunhão do Corpo Místico de Cristo, isto é, o corpo vivo da comunidade eclesial chamada Ordem dos Frades Menores, à qual se pertence não como um contrato ou desobriga jurídica, mas sim como engajamento pessoal de encontro com Jesus Cristo!

São Francisco de Assis entendeu bem esse chamamento. Ele é a concreção na árdua tarefa do seguimento de Jesus Cristo. Na Vida Religiosa Franciscana o pertencer é um modo de estar unido ao outro a partir do chamamento. Este pertencer não é no sentido de posse, mas de fazer parte; não como mais um simplesmente, mas como engajamento total nesse caminho e nesta forma toda própria que é a Vida de ser e estar um-com o Sagrado – Con-sagrado.
O pertencer a uma família (e aqui, a franciscana) é como que ser um novo broto (ramo) no galho de uma árvore que tem sua raiz no único e necessário para nós: Jesus Cristo Crucificado, que em nossa escola franciscana chamamos de “Senhora Pobreza” – que é a identidade do Reino dos Céus, ao qual queremos nos configurar, como filhos, discípulos, seguidores... enfim, companheiros fiéis na caminhada e, na Ordem Franciscana, é o procurar guardar límpida a fonte que nos gera: a Senhora Pobreza, de maneira nobre, cortês e curial.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Reeleito o Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores Conventuais



Foi reeleito hoje, dia 29 de janeiro de 2013, o Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores Conventuais. Ele nasceu em 09 de junho de 1957 em Sant'Angelo di Piove (Província de Pádua, Itália).
Entrou na Ordem em 29 de setembro de 1968, em Camposampiero. Fez a profissão temporária 17 de setembro 1977 e sua Profissão Solene dia 28 de novembro 1981. Ordenado sacerdote no 19 março de 1983 em Sant'Angelo di Piove , sua terra natal, pelas mãos de Dom Filippo Franceschi, bispo de Pádua.
Fez o noviciado em Pádua, na Basílica de Santo Antônio (1976-1977). Depois do noviciado, iniciou os estudos teológicos no Instituto Teológico "Santo Antônio Doutor de Pádua”, de onde obteve o título acadêmico de bacharel em 1982. Em 1982, ele foi transferido para Roma, para a comunidade internacional do Seraphicum, para estudo de graduação na Pontifícia Universidade Salesiana.  Em 1986 ele obteve uma licenciatura em Psicologia na UPS e, dois anos depois, de Teologia Pastoral nesta Universidade.
Retornou então para a sua província, onde, de 1988 a 1994, foi reitor do seminário menor de Bréscia, e depois no pós-noviciado de Pádua, de 1994 a 2001. Ensinou Psicologia e Catequese, no Instituto Teológico de “Santo Antonio Doutor de Pádua". No Capítulo Provincial de 2001, foi eleito Custódio e Guardião capitular do Convento Camposampiero (Pádua), cargo que ocupou até 2005, quando foi eleito Ministro Provincial. 
É vice-presidente nacional do CISM e Mo. Fra.Ne (Movimento Franciscano Nordeste da Itália).
No dia 26 de maio de 2007, no Sacro Convento de Assis, o Capítulo Geral Ordinário o elegeu como 119º sucessor de São Francisco


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A resposta à vocação é sempre um SIM cheio de fé


A VOCAÇÃO EXPLICADA PELO BEATO PAPA JOÃO PAULO II


A fé e o amor não se reduzem a palavras ou a sentimentalismos vagos. Acreditar em Deus e amar a Deus significa viver toda uma vida em coerência com a luz do Evangelho, e isto não é fácil. 
Sim! Muitas vezes é necessário uma grande coragem 
para se ir contra a corrente da moda ou da mentalidade deste mundo. Mas, repito, este é o único caminho para edificar uma vida realizada e plena.
E se apesar do vosso esforço pessoal por seguir a Cristo, alguma vez vos sentirdes débeis no cumprimento dos seus mandamentos, não desanimeis! Cristo continua a esperar-vos... 
Ele, Jesus, é o Bom Pastor que carrega sobre os seus ombros como a ovelha perdida e a trata com carinho para que se cure. Cristo é o amigo que nunca desilude. O jovem do Evangelho acrescenta: «Que me falta ainda?». Aquele coração jovem, movido pela graça de Deus, sente desejos de maior generosidade, de mais entrega, de mais amor. Um mais que é muito próprio dos novos; porque um coração enamorado não calcula, não regateia, quer dar-se sem medida. «Jesus, fixando nele o olhar, amou-o e disse-lhe vem e segue-me». Àqueles que entraram pela senda da vida no cumprimento dos mandamentos o Senhor propõe-lhes novos horizontes; Ele propõe-lhes metas mais elevadas e os chama a entregarem-se a esse amor sem reservas. 
Descobrir esta chamada, esta vocação, é reparar em que Cristo tem os olhos postos em ti e que te convida, com o olhar, à entrega total no amor. Perante este olhar, perante este amor, o coração abre-se de par em par e é capaz de lhe dizer que sim.
Se algum de vós sentir uma chamada para O seguir mais de perto, para Lhe dedicar o coração por inteiro  como os apóstolos João e Paulo, que seja generoso, que não tenha medo, porque nada há que temer  quando o prêmio que nos espera é o próprio Deus que, por vezes sem o saber, todo o jovem procura.
Jovens que me escutais, jovens que, acima de tudo, quereis saber o que fazer para alcançar a Vida Eterna, dizei sempre que sim a Deus e Ele vos encherá da sua alegria. «Uma só coisa te falta vem e segue-me».  Talvez Jesus vos esteja a repetir hoje, a cada um de vós: «uma só coisa te falta»? Talvez vos esteja a pedir ainda mais amor, mais generosidade, mais sacrifício? Sim, o amor de Cristo exige generosidade e sacrifício. Seguir Cristo e servir o mundo em seu nome requer coragem e fortaleza. Aí não há lugar para o medo nem para o egoísmo. Não tenhais pois medo, quando o Amor for exigente e pedir sacrifício.
Por isso, digo a cada um de vós: escutai a chamada de Cristo quando sentirdes que vos diz: «segue-me», caminha sobre os meus passos! Põe-te a meu lado. Permanece no meu Amor! Está a pedir-te que optes por Ele. Opção por Cristo e pelo seu modelo de vida! 
Pelo seu mandamento de amor! O amor verdadeiro é exigente. E eu não cumpriria a minha missão se não o afirmasse com toda a clareza. O Amor exige esforço e compromisso pessoal para cumprir a vontade de Deus. E vós, jovens meus amigos, cultivai o ideal, amai a vida e dai-lhe uma finalidade nobre! Estais num momento da existência em que deveis falar muito a Deus dos homens, para mais tarde poderdes falar aos homens de Deus. Existe uma frase feita, que certamente conheceis, mas que vos quero lembrar: «há três muitos que recompensam outros três: muito estudo, muita ciência; muita reflexão, muita sabedoria; muita virtude, muita paz». Coragem! E que a Virgem Maria, Mãe da Igreja Nossa Senhora de Fátima esteja sempre presente na vossa vida, com o seu exemplo e a sua proteção, e vos obtenha serenidade constante, consolação e alegria do Seu Filho Jesus Cristo, em nome do qual vos abençoo, de todo o coração.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

FRADES QUE FIZERAM HISTÓRIA NA CUSTÓDIA IMACULADA CONCEIÇÃO





“Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã,
a morte corporal, da qual nenhum vivente pode escapar”
 (São Francisco, Cântico do Irmão Sol)

Dai-lhes o Senhor o descanso eterno e 
brilhe para eles a vossa luz

Frei Christiano Spinella
Janeiro
26
1998
USA

VOCAÇÃO ESPECÍFICA


1. Origem:

Há uma só vocação, que vem de Cristo, convocado e convocante. A vocação especifica-se em vários graus correspondentes aos diversos momentos existencias da experiência cristã. E estas experiências têm em Cristo sua fonte, seu sentido, sua referência e unidade.

Jesus convida a segui-lo, cada um da própria situação em que se encontra. Vinde comigo (Mc 1,17). Pede confiança nele (Mc 2,14). Confiança plena em sua pessoa e não a uma causa. A resposta obediente deve ser vivida no abandono do lugar do trabalho, do status, da casa, da família. Não se trata só de adesão interna, mas de unir-se a ele em seu projeto de vida. Chama Doze para estarem com ele e para enviá-los a pregar. O centro da eleição é para que estivessem com ele. Não é pura adesão intelectual, mas adesão ao seu modo de viver. Os discípulos prolongam a presença e a obra de Jesus.

A escolha de um estado de vida na Igreja é a encarnação concreta da vocação fundamental.Deus chama através de mediações, não se trata de uma vocação nova, mas o desenvolvimento da vocação fundamental. O chamado é algo original.


2. O motivo da vocação particular:

Cada vocação é original, é fruto da liberdade, é um acontecimento pessoal, único e incomunicável. Tem como finalidade primeira a humanização da pessoa e o serviço do Reino. Quando uma pessoa se diz chamada é preciso acreditar nela. A experiência vocacional é pessoal, pode acontecer mesmo em quem não se espera.

A certeza não vem de imediato, a vocação está submetida a tentações e inquietudes. Uma pessoa pode se sentir atraída por um sistema de valores, mas isto não quer dizer que não se sinta atraído por outros valores. Existe a dúvida.

A eleição é dolorosa, a escolha custa: ser padre; religioso(a); casar. Dói rejeitar aquilo que não escolhi. Não porque não é bom, mas, porque eu não escolhi.

A entrega a um valor envolve um sacrifício. SACRIFÍCIO E SEDUÇÃO. Sacrifício: deixar para trás tudo aquilo que eu não escolhi. Sedução: atração divina.

A pessoa é convidada a escutar e receber, colaborar com docilidade. Iniciar-se em Cristo é descobrí-lo, é deixar que ele nos encontre, nos agarre incondicionalmente, é recebê-lo. É um estado de permanente conversão. A pessoa é como ovelha extraviada, dracma perdida, filho fugido (Lc 15) que entrega nas mãos do Pai e se deixa encontrar qual tesouro no campo ou pérola preciosa. Vai vende tudo, renuncia sua vida e recebe um novo ser. É sair de si mesmo, distanciar-se daquilo que até agora era segurança, o bem estar, o poder, o consumo e, ao mesmo tempo, é entrega total e incondicional a Cristo.

3. As várias Vocações -


3.1 Vocação leiga 
(A identidade de vocação laical na Igreja)

O carisma da vocação laical ocupa um lugar central na Igreja, define a Igreja para o mundo. Outras vocações não têm essa centralidade. Através desse carisma a Igreja se faz presente no mundo.

O mundo, e não a Igreja é a meta dos caminhos de Deus. A Igreja precisa se abrir para o mundo, por isso precisa de leigos. O leigo tem carisma e função para libertar a secularidade do mundo, mediante o anúncio de Jesus Cristo. Fazer com que o mundo tenha autonomia. O leigo tem a missão de fazer com que o mundo entre em comunhão com o mistério que a Igreja representa (Reino de Deus).

A vocação laical tem sua origem nos sacramentos do batismo e da crisma. Ela ocupa um lugar central na Igreja, define a igreja para o mundo. O fiel cristão leigo tem o papel de libertar o mundo da secularidade, dos falsos ídolos e de todas as prisões que oprimem e destroem a pessoa humana. Vivendo no mundo como solteiro, casado ou consagrado (de maneira individual ou num instituto secular), os leigos são fermento na massa, sal e luz do mundo.

Na vocação laical temos o estado de vida matrimonial. Chamados a ser pai, a ser mãe, a gerar vida, a constituir família. A família é chamada a constituir a Igreja doméstica. É a expressão visível do amor de Cristo pela sua igreja, sacramento de Cristo. É na família que é possível expressar as mais variadas formas de amor.

Amor conjugal: é na entrega mútua, no relacionamento fecundo e construtivo que esposa e esposo desenvolvem sua potencialidade e se realizam plenamente como pessoa.

Amor paternal e maternal: agradecidos a Deus pela continuidade do seu amor que se encarna no dom dos filhos, os pais retribuem esta dádiva amando, protegendo e educando seus filhos para se integrarem na comunidade e na sociedade.

Amor filial: é como se fosse uma ação de graças, isto é, devolver aos pais a graça da vida que um dia lhe deram. Os filhos desenvolvem um amor aos pais como gratidão por tudo que lhes concederam.

Amor fraternal: é o amor entre os irmãos e a experiência do amor oblativo e caritativo, sair do seu convívio familiar, perceber que há um círculo maior de pessoas e começar a compreender que somos todos irmãos. É aí que se desenvolve a sensibilidade aos problemas do mundo.

Além de constituir família, a grande missão da maioria dos leigos, sabemos que eles têm um importante papel na transformação da sociedade. Vejamos algumas de suas principais características: estar inserido no meios da sociedade como fermento na massa, sal que dá sabor e luz que ilumina os difíceis caminhos.

Colocar em prática as possibilidades cristãs escondidas no meio do mundo. Valorizar os sinais do reino presentes de maneira latente no meio da sociedade e - combater as tantas forças do anti-reino, ou seja, forças que promovem a injustiça e a morte.

Ser sinais visíveis de Jesus Cristo na família, no trabalho, na política, na economia, na educação, na saúde pública, nos Meios de Comunicação Social, nos órgãos públicos, nos esportes, no serviço liberal e em tantos outros espaços no meio da sociedade.

Praticar a sua fé e seu amor a Deus em todos os lugares e em quaisquer necessidades.

Participar com fidelidade e criatividade na construção de um mundo novo.

Os cristãos leigos vivem o Evangelho que lêem, que rezam e que celebram, não apenas entre paredes de uma igreja, mas em todos os lugares. São aqueles que fazem do seu trabalho a liturgia diária e prolongam a Missa Dominical em todos os dias da semana.

LG 31 - Leigo que não é ministro ordenado, nem religioso. A índole secular caracteriza o leigo. É específico para ele procurar o Reino de Deus, exercendo funções temporais (em suas atividades), vivem na secularidade, e devem fazer-se presentes nos ofícios e trabalhos do mundo. O leigo na Igreja faz presente o mundo, e no mundo faz presente a Igreja. Todo leigo tem uma função na Igreja, o leigo manifesta o dinamismo extrovertido da Igreja.

3.2 Vocação consagrada 
(Identidade da Vocação consagrada e religiosa na Igreja)

O carisma da vida religiosa está orientado também para o mundo. É por causa do mundo. Demonstra o contraste, não é fuga, mas compromisso.

A vocação religiosa é assumida por homens e mulheres que foram chamados a testemunhar Jesus Cristo de uma maneira radical. É a entrega da própria vida a Deus. Essa vocação existe desde o início do Cristianismo: vida eremítica, monástica e religiosa. Nesses dois mil anos de história surgiram inúmeras ordens, congregações, institutos seculares e sociedades de vida apostólica.

Os religiosos vivem: como testemunha radical de Jesus Cristo, como sinal visível de Cristo libertador, a total disponibilidade a Deus, à Igreja e aos irmãos e irmãs, a total partilha dos bens, o amor sem exclusividades, a consagração a um carisma específico, numa comunidade fraterna, a dimensão profética no meio da sociedade, assumem uma missão específica.

Um religioso vive em primeiro lugar a sua consagração nos votos, depois, por carisma congregacional, por vocação e necessidade da Igreja, se ordena padre.

3.3 Vocação Presbiteral O carisma da Vocação Presbiteral

Vamos falar aqui do sacerdócio ministerial específico. O Sacerdócio fundamental é comum a todo cristão leigo. Cristo fez do novo povo um reino de Sacerdotes para Deus-Pai (cf. Ap 1,6).

Pelo Batismo todos participam da dimensão sacerdotal de Cristo (LG 27).

O sacerdócio ministerial pelo poder conferido, forma e rege o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico na pessoa de Cristo e o oferece a Deus em nome de todo o povo (LG 28).

O ministério ordenado (carisma próprio do diácono, presbítero e bispo) é uma vocação carismática particular.

O Espírito Santo concede esta vocação a alguém e esta vocação converte-se em função.

Um carisma que se converte em ministério. Ratifica-se após a imposição das mãos do bispo.

O presbítero é chamado a assumir o ministério hierárquico na Igreja como serviço aos irmãos. É convocado a fazer parte do presbitério (clero de uma diocese chefiado por um Epíscopo).

A Pastoral Vocacional deve trabalhar incansavelmente pela diocesaneidade de uma Igreja. Uma Igreja diocesana sem clero diocesano não pode existir. Toda Igreja deve ter um corpo presbiteral.

Esse ministério surgiu na geração apostólica quando os apóstolos se preocuparam pela continuidade das comunidades. Assim como não poderia existir comunidade primitiva sem apóstolo, da mesma forma não pode existir comunidade cristã sem padre.

O texto base para o oitavo encontro nacional de Presbíteros apresenta aquilo que é essencial de seu ministério pastoral:

1. A ordenação episcopal ou presbiteral confere um carisma para guiar a Igreja. A ordenação não é um mero reconhecimento de um carisma pré-existente ou a mera instalação num cargo. A ordenação confere sacramentalmente um carisma e um cargo: não há carisma sem cargo e nem cargo sem carisma! Evidentemente, no processo formativo e nos escrutínios, haverá de verificar-se as aptidões prévias para a recepção plena e frutuosa de ambos.

2. Os pastores - pela ordenação - tornam-se vínculos da Igreja, cabendo-lhes operar pela comunhão dentro da comunidade eclesial sob sua responsabilidade, entre ela e as demais, entre a Igreja e a humanidade. Sua função de guias desenvolve-se em três direções fundamentais: a evangelização (dentro e fora da comunidade), a comunhão recíproca das Igrejas, a unidade interna de cada comunidade.

3. Os pastores presidem à edificação da Igreja numa sociedade e numa cultura determinada (cf. At 2,1-11; 1 Tm 3,7). Essa formulação ajuda a evitar as concepções unilaterais do ministério pastoral, que o definiam ou pela Eucaristia (tradição medieval) ou pelos sacramentos (tradição pós-tridentina) ou pela palavra (K. Rahner) ou pela missão. Na verdade, o presbítero preside à edificação da comunidade cristã, que se faz pela missão (envio), pela palavra, pela ação pastoral, pelos sacramentos, especialmente a Eucaristia. Naturalmente, quem preside não assume todas as funções; pelo contrário, anima e coordena uma comunidade dotada de inúmeros outros carismas, serviços e ministérios.

4. Sua posição à frente da Igreja identifica os pastores, porém a Igreja também necessita dessa presidência para sua própria identidade. Com efeito, a Igreja precisa perceber-se como "convocação" por uma palavra que não vem dela, mas do Outro; precisa perceber-se como "enviada em missão" nos apóstolos, por Cristo, pelo Pai; precisa fazer a experiência do "ministério 
de Cristo", na palavra revelada e nos sacramentos, sobretudo a Eucaristia, cuja presidência cabe a quem preside à comunidade e, para isso, foi devidamente ordenado; precisa perceber sua dimensão "escatológica" antecipada nos múltiplos sinais do Reino, mormente na palavra e nos sacramentos.

5. O ministério ordenado tem uma tríplice dimensão: profética, sacerdotal e régia. Para a Tradição Apostólica, de Hipólito Romano, a tarefa pastoral (real-régia) é a primeira: "Concede a teu servo, a quem escolheste para o episcopado, que apascente teu santo rebanho" (TA 3). O conteúdo desta tarefa está explicitado pelo dom do "pneuma heghemonikón"/"spiritus principalis", que tem uma dupla dimensão: espírito de profecia e espírito para conduzir a Igreja em virtude deste carisma. Segundo a Tradição Apostólica, esta tarefa pastoral e profética implica o exercício do sumo sacerdócio (archihierateuein). Nesta perspectiva, a presidência da Eucaristia e dos outros sacramentos apresenta-se como uma dimensão da tarefa pastoral!

6. O cargo de bispo e de presbítero é sempre colegial: ninguém é bispo sozinho, mas num colégio episcopal; ninguém é presbítero sozinho, mas num presbitério!

Numa eclesiologia de comunhão, podemos concluir, os cristãos e seus pastores são irmãos iguais em dignidade (cf. Mt 23,8-12; Mc 3,31-35; LG 32); diferentes quanto aos carismas, serviços e ministérios, entre os quais e à frente dos quais está o ministério pastoral, responsável pela unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade da Igreja; solidários na responsabilidade de evangelizar o mundo e de edificar a Igreja sobre o único fundamento que é Jesus Cristo (cf. 1 Cor 3,11).

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

OFÍCIO DIVINO


A Liturgia das Horas (também chamada Ofício Divino) é a oração pública e comunitária oficial da Igreja Católica.



A palavra ofício vem do latim "opus" que significa "obra". É o momento de parar em meio a toda a agitação da vida e recordar que a Obra é de Deus.

Consiste basicamente na oração quotidiana em diversos momentos do dia, através de Salmos e cânticos, da leitura de passagens bíblicas e da elevação de preces a Deus. Com essa oração, a Igreja procura cumprir o mandato que recebeu de Cristo, de orar incessantemente, louvando a Deus e pedindo-Lhe por si e por todos os homens.

A TV Canção Nova exibiu no mês de junho de 2009, o Especial Ofício Divino, onde fala sobre a riqueza da Liturgia das Horas.

Parte 1:


Parte 2: 

Parte 3:

Parte 4:

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

PERFEITA ALEGRIA



"Vindo uma vez São Francisco de Perusa para Santa Maria dos Anjos com Frei Leão, era tempo do inverno e o frio grandíssimo o cruciava fortemente. Chamou Frei Leão, que ia indo na frente, e disse assim: “Frei Leão, se acontecer, por graça de Deus, que os frades menores dêem em todas as terras grande exemplo de santidade e de boa edificação; apesar disso, escreve e anota diligentemente que não está aí a perfeita alegria”.

E andando mais adiante, São Francisco chamou-o uma segunda vez: “Ó Frei Leão, ainda que o frade menor ilumine os cegos, estenda os encolhidos, expulse os demônios, faça os surdos ouvirem e coxos andarem, e os mudos falarem e, o que é coisa maior, ressuscite os mortos de quatro dias; escreve que não está aí a perfeita alegria”.

E, andando um pouco, São Francisco gritou forte: “Ó Frei Leão, se o frade menor soubesse todas as línguas, todas as ciências e todas as escrituras, de modo que soubesse profetizar e revelar não somente as coisas futuras mas até os segredos das consciências e das pessoas; escreve que não está nisso a perfeita alegria”.

Andando um pouco mais adiante, São Francisco ainda chamava forte: “Ó Frei Leão, ovelhinha de Deus, ainda que o frade menor fale com a língua do Anjo e saiba os caminhos das estrelas e as virtudes das ervas, e lhe fossem revelados todos os tesouros da terra, e conhecesse as virtudes dos pássaros e dos peixes e de todos os animais, e das pedras e das águas; escreve que não está nisso a perfeita alegria”.

E andando ainda mais um pedaço, São Francisco chamou com força: “Ó Frei Leão, ainda que o frade menor soubesse pregar tão bem que convertesse todos os infiéis para a fé de Cristo; escreve que aí não há perfeita alegria”.

E durando esse modo de falar bem duas milhas, Frei Leão, com grande admiração, lhe perguntou, dizendo: “Pai, eu te peço da parte de Deus que tu me digas onde há perfeita alegria”. E São Francisco lhe respondeu: “Quando nós estivermos em Santa Maria dos Anjos, tão molhados pela chuva, enregelados pelo frio, enlameados de barro, aflitos de fome, e batermos à porta do lugar, e o porteiro vier irado e disser: Quem sois vós? E nós dissermos: Nós somos dois dos vossos frades. E ele disser: Vós não dizeis a verdade, aliás sois dois marotos que andais enganando o mundo e roubando as esmolas dos pobres; ide embora; e não nos abrir, e fizer-nos ficar fora na neve e na água, com o frio e com a fome até de noite; então, se nós suportarmos tanta injúria e tanta crueldade, e tantas despedidas pacientemente, sem nos perturbarmos, e sem murmurar dele, e pensarmos humildemente que aquele porteiro nos conhece de verdade, que Deus o faz falar contra nós; ó Frei Leão, escreve que aqui há perfeita alegria.

 E se, apesar disso, continuássemos batendo, e ele saísse para fora perturbado, e nos expulsasse como velhacos importunos, com vilanias e bofetões, dizendo: Ide embora daqui, ladrõezinhos muito vis, ide ao hospital, porque aqui vós não comereis, nem vos abrigareis; se nós suportarmos isso pacientemente, com alegria e com bom amor; ó Frei Leão, escreve que aqui há alegria perfeita.

E se nós, mesmo constrangidos pela fome, pelo frio e pela noite, ainda batermos mais, chamarmos e pedirmos por amor de Deus com muito pranto que nos abra e nos ponha para dentro assim mesmo, e ele escandalizado disser: Estes são patifes importunos, eu os pagarei bem, como merecem; e sair para fora com um bastão cheio de nós, e nos agarrar pelo capuz e jogar por terra, e nos revirar na neve e nos bater nó por nó com aquele bastão: se nós suportarmos todas essas coisas pacientemente e com alegria, pensando nas penas de Cristo bendito, que temos que agüentar por seu amor; ó Frei Leão, escreve que aqui e nisto há perfeita alegria.

E, por isso, ouve a conclusão, Frei Leão. Acima de todas as graças e dons do Espírito Santo, que Cristo concede aos seus amigos, está a de vencer a si mesmo e de boa vontade, por amor de Cristo, suportar penas, injúrias, opróbrios e mal-estares; porque de todos os outros dons de Deus nós não podemos nos gloriar, pois não são nossos mas de Deus, como diz o Apóstolo: Que é que tu tens que não recebeste de Deus? E se recebeste dele, por que te glorias, como se o tivesses por ti? Mas na cruz da tribulação e da aflição nós podemos nos gloriar, pois diz o Apóstolo: Não quero me gloriar a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo”.

Para louvor de Jesus Cristo e do pobrezinho Francisco. Amém."

retirado da Biografia de São Francisco (Tomás de Celano)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A FAMÍLIA FRANCISCANA


São Francisco fundou três Ordens religiosas:

1. Primeira Ordem, os Frades, (OFM)
2. Segunda Ordem, das Clarissas, (OSC)
3. Terceira Ordem, os Leigos engajados. (OFS)


A Primeira Ordem, a dos frades, por sua vez dividiu-se em três grandes famílias: a Ordem dos Frades Menores Conventuais, a Ordem dos Frades Menores Observantes (OFM Obs.), que mais tarde passam a chamarem-se apenas Frades Menores, ou popularmente Franciscanos, e a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFM Cap.. os três ramos juntos formam a grande família dos Frades Menores).

A Segunda Ordem, a das Damas Pobres ou Clarissas (OSC), por sua vez também dividiu-se em outros ramos. Mas na essência todas seguem o espírito de Santa Clara de Assis. Assim temos as Clarissas de diversos ramos e as Concepcionistas que também são Clarissas.


Apenas a terceira Ordem, a dos leigos engajados, não se dividiu. Eles continuaram desde sempre formando uma única ordem, a Ordem Franciscana Secular (OFS).


Quem são os Frades Menores Conventuais?


Os Franciscanos Conventuais, são a Ordem fundada por São Francisco de Assis em 1209, com o nome de Frades Menores. Com o tempo foi acrescentado o título de Conventuais. Os outros dois ramos, os OFM Obs. e os OFM Cap. surgiram mais tarde devido a algumas divisões que ocorreram ao longo da história. Da riqueza e do carisma de São Francisco, começou a nascer uma das mais sucedidas formas concreta de viver o espírito franciscano, a conventualidade. No início eram chamados de Frades da Comunidade. Os frades viviam em conventos inseridos nas cidades e se dedicavam aos estudos, aos trabalhos apostólicos em igrejas chamadas conventuais e valorizavam intensamente a vida de fraternidade, característica da Ordem. Deste estilo de viver o franciscanismo é que surgiram os grandes conventos e as artísticas basílicas, como por exemplo: as de Santo Antônio de Pádua e de São Francisco de Assis, entre muitas outras. Alguns frades não queriam viver em lugares fixos e defendiam a itinerância - franciscana. Estes logo se separaram dos Frades da Comunidade, formando um outro estilo de viver o carisma franciscano. Porém com o passar dos tempos, também foram assumindo lugares fixos, e hoje todos possuem grandes conventos e belíssimas igrejas, como por exemplo aqui no Brasil o convento e igreja de São Francisco, no Largo de São Francisco, em São Paulo, e o convento e igreja de Santo Antonio, no Rio de Janeiro, entre muitos outros.
Ser Franciscano Conventual é assumir o desafio de viver em comunidade, sendo irmão de todos os frades, buscando viver a fraternidade. Ter como compromisso a promoção da vida, num engajamento total com a causa dos mais necessitados.


O irmão Religioso e o Sacerdote

Como já falamos acima, o objetivo primeiro de quem quer ser Franciscano é de ser irmão. Porém, dentro da Ordem, o candidato pode preferir ficar como irmão religioso franciscano ou como religioso franciscano também sacerdote.


O irmão Religioso Franciscano

Ser religioso não implica necessariamente em ser padre. A finalidade da vida religiosa como já vimos e a imitação de Jesus Cristo a modo dos votos. A vida religiosa franciscana é uma forma de o cristão se consagrar a Deus. O Irmão Religioso Franciscano é aquele que assumiu viver o Evangelho de Cristo nas pegadas de São Francisco, é aquele que assumiu viver o Evangelho de Cristo nas pegadas de São Francisco de Assis, mas não como sacerdote. O campo de trabalho do irmão é muito vasto e há muitas possibilidades de atuação apostólica na Igreja.



O Religioso Franciscano Sacerdote

Mais uma vez dizemos que ser padre não é o essencial da vida religiosa. O sacerdócio é assumido pelo religioso como forma de serviço à Igreja. O padre possui algumas funções que somente ele pode executar como por exemplo a administração dos sacramentos da confissão, da unção dos enfermos, a celebração da Santa Missa, a administração de uma comunidade paroquial, etc. Embora hoje, algumas de suas funções já podem ser assumidas por ministros leigos, o que também dá a oportunidade de o irmão atuar numa comunidade paroquial. O Religioso Franciscano Sacerdote deve se caracterizar por um jeito todo próprio do franciscano atuar no meio do povo, da Igreja.



Fonte: Tenda Franciscana

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Qual a diferença entre "Padre e Frei?"

Por Frei Alberto, OFMConv. | Trad.: Cleiton Robson.



Muitas vezes, quando converso com jovens e adultos, acerca de questões vocacionais, em geral, vem a pergunta: "Qual a diferença entre Padre e Frei?"







Não é simplesmente uma questão infantil, mas uma verdadeira e própria questão "eclesiológica", isto é, sobre a natureza da Igreja e de alguns de seus componentes essenciais: o sacerdócio e a vida consagrada. Sem o sacerdócio, a Igreja não fica de pé. Sem a vida dos consagrados, a Igreja é menos bela.

Para tentarmos entender rapidamente o que diferencia - de modo simples - por mais que que assim o aparente ser - estas duas vocações, temos que entender a sua relação com Jesus.

O Senhor Jesus durante o seu ministério público, foi seguido por muitas pessoas, homens e mulheres. Todos mais ou menos explicitamente chamados por Ele para compartilhar o Seu Caminho. Se olharmos para o Evangelho de Marcos, notamos o que diz o chamado de Simão e André, e agora também de Tiago e João (Marcos 1,16-20; 2,13-14). Mas eles não são os únicos a se sentirem convidados a seguir Jesus, também, o "jovem rico" se sente disposto neste chamado (Mc 10, 21). Mas sabemos que, se ele vai em outra direção, triste. A seguir Jesus, fica diante de várias mulheres: apenas algumas delas vão estar com ele ao pé da cruz (Mc 15, 40-41). Esta é a primeira chamada que faz dessas pessoas discípulos.

É uma coisa completamente diferente quando Jesus, que se aposentou na montanha com vários discípulos, identifica uma dúzia e eles dão um mandato e um nome a mais: os constitui Apóstolos (Mc 3. 13-19, cf 6, 7-13).

A Igreja associa a chamada e o serviço típico dos Apóstolos à hierarquia constituída dos sacramento da Ordem. Os bispos são os sucessores dos Apóstolos, cada um deles guia a Igreja particular que lhe foi confiada em comunhão com o Papa, o sucessor do Príncipe dos Apóstolos. Qual é a peculiaridade dos bispos (e aqueles a que "delegar" algumas das características mais importantes de seu sacerdócio, que são os padres)? A função específica do bispo e do padre (e em certa medida, também o diácono) é fazer o que Jesus fez. E o que Jesus fez em sua vida e no seu ministério público? Essencialmente proclamou o Evangelho e operou milagres e curas. O bispo e o sacerdote, de fato, estes têm a função de pregar a Palavra de Deus e os milagres que são os sacramentos. Jesus opera através deles novamente para nós de modo tão indubitável.

Por outro lado, na Igreja há muitos homens e mulheres que - como muitos dos discípulos do Jesus histórico - querem viver como Jesus viveu. Quer dizer, de alguma forma, fazendo apenas o que era essencial e típico de seu modo de vida. Ele nunca se casou ou uniu-se a uma mulher, era casto. Ele não tinha nada para si, especialmente nos últimos três anos de vida, era pobre. Ele enfrentou a vida fazendo a vontade de seu Pai celeste, era obediente. As características particulares do estilo de vida que Jesus escolheu para si mesmo, são os três votos que encontrou a vida consagrada de monges e monjas, frades e freiras, e até mesmo de homens e mulheres consagrados, permanecendo "no mundo." Através deles, a vida de Jesus está viva e presente entre os homens de todas as idades.

Sabemos que de religiosos e consagrados a Igreja tem uma enorme variedade. Pode-se viver a castidade, pobreza e obediência de Cristo de formas muito diferentes: no claustro da extrema Cartuxa, no acompanhamento do jovem Salesiano, na contemplação de uma Carmelita em cuidar dos doentes da Camiliana no estudo e pregação do Dominicano... na fraternidade e minoridade Franciscana. E não só isso!

Como as duas vocações evangélicas - discípulo e apóstolo - coincidiram nas pessoas dos Doze, por isso hoje as duas vocações ao sacerdócio ministerial e a consagração religiosa virem a coincidir, por vezes na mesma pessoa. Muito claramente no caso das congregações que nasceram e foram criadas como clericais, como os Jesuítas ou os Salesianos. Mas isso acontece muitas vezes em famílias religiosas que podem ser chamadas de "mista", como os Franciscanos e Carmelitas.

Então, por que os padres - apesar das várias controvérsias que, periodicamente, reavivou nos jornais - continuam a viver no celibato (assim se chama a "promessa de celibato"), se está é a forma "típica" da vida religiosa como "voto de castidade"? Porque, desde os primeiros séculos, muitas igrejas locais da tradição latina descobriram que é importante que os seus sacerdotes para serem bons apóstolos, também fossem discípulos. Ou seja, a melhor maneira de fazer as ações de Cristo é fazê-las a partir de um estilo de vida, tanto quanto possível semelhante à Sua. Isso é celibatário. Mais tarde, o Papa Gregório VII achou por bem estender essa estrutura a todos os sacerdotes latinos (rito romano, ambrosiano, etc...).

Resta o fato que - como evidenciado pela disciplina das Igrejas Orientais (e não só) de padres casados ​​- para entrar no sacerdócio, o celibato não é uma condição sine qua non da Teologia, mas disciplinar. Que a igreja romana decidiu admitir ao sacerdócio só aqueles que se sentem chamados a viver no celibato. Mas esta é uma outra história...

Em última análise, o que pode reduzir a diferença:

Os Padres são chamados e enviados para fazer o que Jesus fez (...e talvez eles podem fazer isso melhor se viverem como Ele);
Os Frades são, antes de tudo, os próprios para viverem como Jesus viveu (e muitos deles estão em uma condição ideal para serem capazes de também dedicarem-se às suas obras mais importantes: o Evangelho e os sacramentos).

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O MODO DE VIDA DOS FRANCISCANOS

Quem são os Franciscanos?

Os Franciscanos são pessoas que fizeram uma opção: a de deixar que Deus realize em sua vida o seu plano de amor, e busca viver o Evangelho como Francisco viveu.
A vida Religiosa Franciscana caracteriza-se por alguns aspectos particulares:

A vida de Fraternidade 

· Frater vem do latim e significa irmão. O frade é aquele que busca viver em comunidade, formando uma família, sendo irmão de todos. Francisco viveu uma intensa relação de fraternidade com Cristo, o que fez dele um dom para os seus irmãos. E ele recomenda aos frades: "E sejam irmãos entre si".


A vida de Pobreza

· Francisco deixou tudo, riquezas, prestígios e até a própria família para seguir Jesus Cristo pobre. O Franciscano caracteriza-se pela sua doação total a Deus, desfazendo-se de tudo aquilo que possa distanciá-lo do seu Senhor. Sem nada de próprio, o frade é aquele que só tem uma tarefa: ser dom gratuito de Deus aos irmãos.

A vida de Obediência

· Deixando tudo, Francisco só quis saber de uma coisa: cumprir a vontade de Deus. E isto se deu imitando Cristo obediente. O frade Franciscano é aquele que renúncia todas as vontades pessoais, todos os teus quereres, e passa a querer somente uma única coisa: fazer a vontade de Deus. E este Deus é visto na pessoa dos seus superiores (ao papa, ao geral da ordem, ao seu ministro provincial e a seu guardião).

A vida de Castidade

· São Francisco renunciou todas as paixões deste mundo para viver somente para uma paixão: Jesus Cristo. O Franciscano renuncia as paixões humanas para que, imitando Jesus Cristo, ele esteja inteiramente a serviço de seu Reino.



A vida de Minoridade

· Francisco quis viver entre os pobres, por isso se fez menor. O Franciscano é aquele que quer ser como Francisco, um menor entre os menores. Através de suas atitudes, o frade busca ser pequeno. O Frade Menor é um homem que procura estar junto aos menores e pobres e compromete-se com eles e com a promoção da justiça social.


A Vida de Oração

· São Francisco buscou viver uma intensa experiência de oração. Estava sempre em diálogo com Deus. O Frade Franciscano é aquele que procura estar sempre em comunhão e em diálogo com Deus contemplando as coisas do alto e tendo uma profunda vivência de oração.



Quem entra na vida Religiosa Franciscana não tem como objetivo primeiro ser sacerdote, ser padre. Tem, em primeiro lugar, a vontade de ser franciscano, de ser irmão, de ser frade. O ideal de vida dos Franciscanos é o mesmo para todos: seguir Jesus Cristo a modo de Francisco de Assis. O que todos tem de comum é a consagração religiosa, de serviço a Deus e aos irmãos. Por isso, dentro da fraternidade não dever haver discriminação se este é padre e aquele irmão, pois antes de ser padre o franciscano tem como primeiro objetivo e compromisso ser irmão. Eles devem se ajudar mutuamente, animando-se nas dificuldades e convivendo fraternalmente. O Franciscano, no serviço à Igreja e as comunidades cristãs, prestam diferentes formas de serviços: trabalhando com o povo, catequizando, assistindo aos doentes, em movimentos populares, servindo nos trabalhos internos de sua comunidade religiosa, etc. Se o Franciscano assume o sacerdócio, ele também serve a Igreja na pregação, na administração dos sacramentos e no acompanhamento das comunidades cristãs em uma determinada diocese.


Fonte: Tenda Franciscana

TESTAMENTO DE CRISTO

31. “O qual, depois que cumpriu tudo que dissestes, quis voltar ao seu pai, que o enviara e fez um testamento sobre mim para os seus eleitos, e o confirmou com uma sentença irrevogável, dizendo-lhes: “Não queirais possuir ouro, nem prata, nem dinheiro. Não queirais levar bolsa, nem mochila, nem pão, nem bastão, nem calçado, e nem tenhais duas túnicas (Mt 10,9-10; Lc 9,3). Se alguém quiser mover um processo contra ti na justiça para te tomar a túnica, dá-lhe também o manto. Se alguém te provocar para andar mil passos, vai com ele mais dois mil (Mt 5,40-41). Não ajunteis tesouros para vós na terra, onde a ferrugem e as traças os corroem e onde os ladrões cavam e roubam (Mt 6,19-20). Não vos aflijais dizendo: Que vamos comer? Ou que vamos beber? Ou com que vamos nos cobrir? (Mt 6,31)? Não vos preocupeis com o dia de amanhã: o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta para cada dia o seu cuidado (Mt 6,34). Quem não renunciar a tudo que possui, não pode ser meu discípulo (Lc 14,33), e o resto que está escrito no mesmo livro”.

“SACRUM COMMERCIUM”

domingo, 6 de janeiro de 2013

DATAS COMEMORATIVAS


"Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de 
vós nas minhas orações"  (Efésios 1:16)


Felicidades a todos os nossos confrades:

Data Nome Comemoração
09/01 Frei Márcio A. dos Santos Ordenação Sacerdotal
16/01 Frei Brás José da Silva Ordenação Sacerdotal
16/01 Frei José Goretti Pio Ordenação Sacerdotal
26/01 Frei Cláudio V. Pereira Nascimento
28/01 Frei Brás José da Silva Profissão Temporária

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Beata Ângela de Folinho: a vida interior de uma boa alma


Festa Litúrgica: 04 de Janeiro

Muito se conhece sobre a vida interior da beata Ângela de Folinho e quase nada da sua vida, antes da sua conversão a Deus.
De estudos realizados pode-se determinar como data aproximada de nascimento o ano de 1248; porém ignora-se o nome da família. O nome da cidade de origem substitui o nome familiar, Ângela de Folinho.
Parece que perdeu o pai quando menina, enquanto que sua educação materna foi fraca e mundana. Falhou na formação do seu caráter e a expôs a graves perigos de perversão, particular- mente na flor da juventude. Favorecida pela fortuna e por singular graça natural, Lela, como era chamada familiarmente pela mãe, pode contrair matrimônio com um cidadão de prestígio de Folinho; ignora-se o nome dele. Teve filhos aos quais amou com ternura e cercou de afeto sua mãe por quem era adulada e estimulada à vaidade.
Outros particulares deste período não são conhecidos, exceto os que ela fornece na sua narração de retorno a Deus, por volta de 1285, após um passado de culpas e remorsos.
Ela recorda com grande amargura este passado; mas é difícil poder determinar a causa de sua queda. Fala de modo genérico o que não justifica a suposição de quem quis ver no seu desvio moral uma conduta publicamente escandalosa. Dotada de temperamento afetivo, tinha boa inteli- gência e conservava bastante pudor para poder chegar até o escândalo. Isso aparece na sua imen sa vergonha a abrir-se ao seu confessor. Muitas vezes calou seus pecados graves no sacramento da confissão, acrescentando, assim, o sacrilégio às culpas.
Sem dúvida, o bem-estar da família, a superficialidade juvenil, a busca de adulação e de ser importante na sociedade foram ocasião de graves quedas morais, mas não parece ter chegado ao escândalo. Ângela tinha um coração bom e sincero e sensível ao remorso. Deus esperava-a na soleira do seu amor para tirar da sua miséria uma obra-prima de santidade.
Certo dia, foi tomada por um extraordinário medo do inferno e da condenação eterna. Os remorsos da consciência se intensificaram com grande martírio do seu espírito sem dar-lhe tré- gua. Chorou amargamente, mas para sua desgraça, também daquela vez, vencida pela vergonha, calou seus pecados na confissão e continuou a comungar sacrilegamente. Os remorsos aumenta- vam.
O que a sacudiu definitivamente foi um fato novo, para ela decisivo: um nobre de Foli- nho, Pedro Crisci, seguindo a inspiração divina, despojara-se das suas riquezas, para entregar-se a uma vida de perfeita pobreza na Ordem Terceira da Penitência. No início ela gozara da cara dele; depois ficou impressionada pela serenidade espiritual que brotava de sua pessoa e sentiu-se atraída a imitá-lo. Assim, superou as angústias de consciência e adquiriu a paz que tanto admira va naquele homem.
Porém, precisa superar a vergonha. Como fazer? Veio-lhe um pensamento confortador: recorrer a São Francisco, o santo da paz e da alegria. Pediu a S. Francisco que lhe desse a graça de encontrar um bom confessor, com quem pudesse abrir totalmente o coração. Na noite daquele dia São Francisco apareceu-lhe e a encorajou com promessa de ajuda: "Irmã, se tivesses me pedi do antes, já te teria escutado, mas o que me pedes te é concedido".
Na manhã seguinte, logo cedo, sai de casa e vai à igreja de São Francisco, perto de sua casa. Pensava que ali encontraria o confessor; foi em vão. Retornando à casa, passou pela cate- dral dedicada a São Feliciano; entrou. Era ali que Deus a esperava. Naquele momento estava pre gando um frade franciscano, capelão do bispo. Era frei Arnaldo, seu primo e futuro orientador es piritual. O frade deu-lhe tanta confiança que resolveu confessar-se com ele. Terminada a prega-- ção, Angela aproximou-se dele e lhe expressou seu desejo. Desapareceram toda vergonha e re- pugnância; sentia a força de nada esconder. São Francisco dera-lhe a desejada graça.
Nunca mais esqueceu aquele momento; mais tarde dirá: "E fiz uma ampla confissão".
Foi um renascimento depois de um atormentado passado de morte espiritual. Experimentou uma alegria íntima e inexprimível; alegria misturado ao pranto. Era um pranto amargo e restaurador: dor por ter ofendido a Deus e alegria de tê-lo encontrado na paz da cons ciência.

Frei Paulo Oblak OFM Conv.