segunda-feira, 2 de julho de 2012

ITINERÁRIO VOCACIONAL: Frei Michel Alves dos Santos

"Aclamai ao Senhor ò terra inteira, servi ao Senhor com alegria"( Sl 99)
Amado(a) Irmão(ã),
Que o Senhor te dê a Paz!!!

Frei Michel recebendo  os Ministérios do Acolitato e Leitorato
Antes de tudo quero me apresentar. Eu me chamo Frei Michel Alves dos Santos, OFMconv. Tenho 31 anos. Sou natural da cidade do Rio de Janeiro. Eu nasci no bairro da Tijuca onde vivi os primeiros anos de minha vida no Morro da Formiga, local que, embora hoje quase não freqüente trago boas recordações da infância, de modo particular da figura de minha avó paterna, Isolina dos Santos (vó Zola) que lá viveu e faleceu. Venho de uma família católica não praticante. Porém, meus pais, João Gabriel dos Santos e Léa Alves dos Santos (in memorian), sempre procuraram me educar na fé católica e me transmitiram valores, como o amor ao próximo, o respeito a todas as pessoas, trabalho e honestidade, enquanto virtudes para ser uma boa pessoa. Lembro-me até hoje de alguns dizeres de minha mãe: “Quem é bom filho, é bom marido e é bom em tudo o que faz”.
Bem novo fui morar no Centro do Rio de Janeiro, no bairro da Saúde, especificamente, no Adro de São Francisco, que fica no Morro da Conceição - logo o leitor entenderá o motivo dessas especificações. Neste lugar, eu tive a graça de estudar na Escola Padre Doutor Francisco da Motta que ficava em frente à minha casa. Aí aprendi a ler e escrever, fiz a minha primeira eucaristia e tive o meu primeiro contato com a espiritualidade franciscana. Pois, a escola era administrada pela Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Francisco de Assis e tinha à sua frente um frade menor. Até hoje sou grato pelas bases de fé e educação que recebi neste lugar.
O tempo passou. Na quarta série, eu saí da escola, que no meu tempo só ia até esta série, e me afastei da caminhada da Igreja, porém, não de Nossa Senhora, por quem nutria uma devoção expressa nos cantos da infância (“fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas...”) e nem São Francisco cuja “oração pela paz” sempre me encantou.
No ano de 1998, eu voltei a caminhar na Igreja. Isto se deu graças a um convite de uma vizinha que, percebendo que os jovens de nossa comunidade estavam muito abatidos pela morte de um grande amigo, sugeriu que todos nos inscrevêssemos nos encontros de preparação para a recepção do sacramento da Crisma na Paróquia de Santa Rita de Cássia (minha paróquia de origem e que eu tanto amo), pois no dia da Crisma ela faria um churrasco de confraternização entre nós. E, graças a Deus eu acreditei nela. No final da preparação o churrasco não aconteceu, mas algo maior me pegou: o Amor de Deus. E de alguma forma eu comecei a me sentir chamado a não mais me afastar desse amor.

Frei Michel e os membros da Pastoral da Acolhida

Daí para frente, eu comecei a caminhar, entre fidelidades e infidelidades, na fé. Fui catequista de crianças e de jovens. Fiz parte do Grupo Jovem da paróquia do qual fui vice-coordenador e coordenador. Ingressei no Apostolado da Oração. E, fui intercessor do Ministério de Música Monte Sião. Foi nesta caminhada, no serviço de evangelização, no contato com os irmãos de comunidade, em cada novo aprendizado, no estudo da Sagrada Escritura, na participação da Eucaristia, que comecei a me sentir chamado a ir além, a avançar para águas mais profundas.
Porém, neste período eu tinha praticamente terminado de alcançar um sonho meu e de minha família: passar no vestibular. Eu estava cursando a faculdade de História, estava cheio de sonhos e projetos de mudar o mundo por meio da educação. Além disso, no ano de 2000, minha mãe migrou para o céu. E eu não queria me separar do meu pai e do meu irmão caçula, Rafael. O pior é que nesta fase também eu sentia que Deus me chamava para si e eu me sentia incapaz de dar esse passo. Neste contexto eu comecei a querer fugir de Deus. Lembro-me que uma vez Irmã Ana Léia, religiosa assuncionista, pediu para que eu fizesse um teste vocacional e, após a leitura deste, ela disse: “você já sabe o que Deus quer de você. Agora só falta saber para onde você vai”. É claro que eu desapareci da frente dela. Contudo, Deus continuou a me amando e chamando para si, até que não tive mais forças e me rendi ao seu Amor. Isso ocorreu em maio de 2002. Nesta ocasião, após uma experiência profunda de oração, eu dei o meu sim ao chamado que Deus me fazia, embora eu mesmo não entendesse direito o que ele queria de mim. Foi aí que eu comecei a ler o livro “Francisco, o Irmão sempre alegre”. Esse livro reacendeu em mim o amor pelo jeito de ser de São Francisco, ao ponto de querer viver desse modo. O interessante é que umas semanas antes eu havia conhecido o então Frei Valdomiro que me apresentou os Frades Menores Conventuais, os quais no passado, quando uma irmã, após um teste vocacional, convidou-me a conhecer, eu me esquivei. 
Lembro-me agora de quando falei brincando ao meu pai que eu não me casaria e que eu seria padre... Ele simplesmente ficou sem comer por uns dias. Contudo, quando a brincadeira virou realidade, ele, mesmo sofrendo por dentro, apoiou a minha decisão. Resistência, de fato, quem fez foi a minha tia. Ela foi a pessoa que sempre me auxiliou nos estudos e se eu pude estudar um pouco, agradeço a muito ela, que não conseguia compreender como alguém que nasce pobre pode escolher ser pobre “de carteirinha” (expressão dela).
 Após dois anos de acompanhamento vocacional ingressei no postulantado da nossa Custódia Imaculada Conceição que ficava em Andrelândia, local onde morei por dois anos. Depois fui para a cidade de Petrópolis, onde por três anos cursei Filosofia na UCP. No ano de 2009 ingressei no noviciado da nossa Ordem, que fica em Caçapava. Professei meus primeiros votos no dia 05 de fevereiro de 2010. E, passei a residir na Casa de Formação São Francisco de Assis (Rio de Janeiro – RJ).
Formação com os membros da OFS - Rio Comprido

Atualmente, Estou cursando o quinto período do curso de Teologia na PUC-Rio; Faço parte de um projeto de iniciação científica da mencionada universidade; ajudo na assistência espiritual da OFS na Fraternidade São Francisco de Assis (Rio Comprido); dou assistência espiritual à pastoral da acolhida e visitação da Paróquia São Francisco de Assis no Rio Comprido; Faço parte da Equipe do Convocações, responsável por conseguir benfeitores que possam ajudar a manter a cada um de nós formandos e vocacionados da Ordem; e, de vez em quando, publico textos na seguinte página virtual: http://www.recantodasletras.com.br/autores/FreiMichel
Agradeço a Deus todos os dias pelo dom da minha vida, história e vocação e peço que Ele me conceda, pela Intercessão da Imaculada, a graça da perseverança no seguimento de Jesus Cristo ao modo de São Francisco. Amém.
Paz e Bem!

2 comentários:

  1. Agora sei mais ainda sobre vc querido amigo Frei! Que o Senhor Jesus lhe ilumine em todos os seus caminhos.

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